sexta-feira, 28 de maio de 2010

Tu é que perguntaste... II - Prince of Persia

Do outro lado da mesa do café hesitou... uma, duas vezes até que arriscou perguntar:

- Então que filme foste ver ontem com o teu amigo?

Sorriu ao vê-la fechar os braços à frente do peito

- Hey! não precisas de esconder as Titãs!

- Não que ideia, eu lembro-me do teu humor físico...

- Tu é que perguntaste... mas não te preocupes, não tenho piadas que envolvam o teu peito

- Foste ver o que afinal?

- PRINCE of persia

Sorriu e descontraiu ao saber que as Titãs estavam seguras

- E que tal?

-Adorei! principalmente a parte que começaram a cantar a Purple Rain, ou quando o Prince...

Agarrou-lhe as mãos fazendo-o calar.

Suspirou...

e colocou as mãos dele no peito.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

We Just don't care...




Fecho o livro e procuro-te pela areia até ao mar.

Uma onda rasteirinha percorre vários metros dos teus tornozelos até se arrepender e voltar para trás...

Vejo-te avançar, saltar e mergulhar.

Vejo-te desaparecer e reaparecer, deslizas ambas as mãos pelo cabelo molhado, sorris e dizes-me adeus.

Viras-te de novo para o mar e mergulhas outra vez.

Deito-me e espreguiço-me na toalha, viro-me de costas para o sol.

Vinco os dedos dos pés na areia, descarrego o peso do corpo na toalha.

Sinto os poros da pele absorverem o calor, deliciarem-se num- oooh yeeaaah baby - silencioso.

Ganho um embalo sonolento... podia desmaiar agora de prazer e preguiça.

Respiro devagar... demoro-me e o mundo à minha volta abranda...

O vento nas dunas...

O embalo ritmado do Mar,

O Silêncio aveludado a desligar-me gradualmente das vozes ao meu redor

E penso no teu cheiro...

E preparo-me para me deixar adormecer...

E grito como a princesa que sou quando te deitas molhada sem aviso sobre mim.

Refilo, esperneio, mas sinto as tuas curvas contra as minhas costas, o teu peito... o teu corpo, esse teu jeito de te colares densa a mim.

Ofereço-te pouca - ou nenhuma- resistência.

Viro-me para cima e ofereço-te a boca que tu beijas duas, seis... já não sei quantas vezes.

Deslizo pelas costas da tua excelentíssima pessoa com a mão, embalado para invadir o teu bikini chita.

Pressionas o ventre contra mim enquanto lanças o desafio - atreve-te a meter a mão...

Eu sei que se me arriscar ficarei impossibilitado de me levantar por uns minutos, sei que dás facilmente cabo de mim só com as orelhas...

Hesito...

Sorris vitoriosa...

Vou a jogo.

Aperto-te com a mão firme mas sem estragar...

Encaixas-me em ti com as pernas... e eu no meio... as tuas costas... arqueiam.

Oh merda...

Beijas-me no rosto, gemes, beijas-me lasciva - Parece que alguém acordou... queres ir passear à beira mar?

Respondo-te derrotado que não, digo-te que valeu a pena o sacrifício e que fazia tudo outra vez.

Deslizas o corpo para o lado do meu.

Encostas a cabeça entre o meu peito e o pescoço.

Rodopias o indicador na penugem do meu peito.

Suspiras-me o desejo por um gelado de chocolate... nem em cone, nem em copo... queres comer da minha boca.

Empolgas-te com a ideia...

- o chocolate assim pelo teu peito - dizes-me com a ponta do dedo mostrando-me por onde querias lamber.

Arrepio-me ao ouvir na tua voz a mudança do tom melódico, suave e carinhoso para um intenso e agressivo - não ofereças resistência... é inútil.

É uma imagem que se entranha num misto de medo e excitação...

Sentas-te e o sol desenha-te a sombra diante de mim.

Arrisco-me à cegueira, mas teimo em te saborear... oh Madame... que imagem... que curvas, que rosto, que cabelo! caramba quero snifar o teu amaciador, quero snifar-te da nadega direita ao mindinho da mão esquerda...

Suspiro-te.

Dizes-me para me despachar a vestir.

Eu respondo-te que é só calçar o dedão nos chinelos e vestir a camisa com que embirras... Secretamente acredito que é a inveja que te atiça a embirração com as flores da minha mágnifica camisa havaiana.

Chapéu, toalha, camisa e chinelos. Chave do carro e estou pronto para ir.

Dou por mim atulhado com as tuas coisas, os sacos, os livros...

Penso em agradecer seres generosa e levares os teus chinelos na mão até à passadeira de madeira... vou para te agradecer o gesto e perguntar se não queres que os leve já que vais tão carregada quando me puxas pela mão

- Anda cá, anda comigo... não fujas.

Silencias-me o sarcasmo com o entrelaçar dos teus dedos nos meus.
A tua cabeça que descansa no meu ombro... já agora, por falar em ombros...

Essa tua alça descaída...

O teu ombro desnudado...

Assim como se estivesse a pedir...

Não é justo, é jogo sujo mulher!

Paro-te para te beijar...

Afalfar...

Inspeccionar...

No fundo tentar arranjar uma desculpa para te morder o ombro em público...

Sentir-te o sabor da boca...

Dizes-me a meio de um beijo que tens pressa, que tu queres mesmo é ir comer.

...

Os vidros do carro abertos, o vento esvoaçando-te o cabelo negro para longe do rosto, os teus pés no tablier... (apetece-me lamber-te do tornozelo esquerdo ali mesmo à minha frente até às tuas covinhas nas costas... percurso opcional)

Os teus dedos despenteando-me o cabelo sem que dês a esse teu gesto muita atenção.

Os óculos escuros que te deslizam para a ponta do nariz...

Tu a primeiro plano, são torpes... a areia e o mar a segundo...

E eu preso no sabor da tua pele salgada...

Esponjas-te na cadeira da esplanada como se estivesses rainha no teu trono.

Colocas a carne nua da tua perna sobre a minha, reclamando-me como tua propriedade.

Fico descoordenado a comer o meu gelado ao reparar-te no decote, no teu jeito de quem nem se sequer se esforça ou repara o poder sexy que emana mesmo lambuzada com gelado de chocolate à volta da boca... chocolate no vestido... na cadeira... e também no cabelo, dizes-me que é um dom que tens, comeres assim um gelado... feroz e intensa.

Eu digo-te que és mesmo é uma granda porca a comer.

Finges-te de ofendida e beijas-me... ou melhor, javardas-me a cara misturando o meu precioso gelado de café e morango com o teu chocolate com chocolate com chocolate e chocolate por cima.

Dizes-me para não ser menina e não fugir de ti e ...

E vejo-te esbugalhar os olhos, vejo-te corar... vejo-te sorrir traquina...

Atiras-me o teu ar de colegial arrependida... e...

A minha camisa...

Com gelado...

- ups...- dizes-me sem disfarçar o prazer que te deu o... "acidente"

Tens o descaramento de te rires à gargalhada.

Tens a lata de arrepanhares- e piorares a nódoa - com a ponta do dedo atirando-me um - não vamos desperdiçar este magnifico gelado de chocolate...


Sinto-me moído sentado no sofá enquanto te espero... ó tu que te demoras tanto no banho, podias ter ao menos levado-me para fazer companhia já que ias demorar tanto tempo...

O corpo dorido mas acordado, fresco de um duche - é uma cena nova que inventaram, devias experimentar

E aguardo por ti.
O jantar que te cozinhei aguarda por ti ali no meu alpendre, vista sobre a praia, a lagoa... o Sol que se vai por para ti no mar...

Isto se te despachares na porra do banho...

Oiço-te percorrer o corredor até ao quarto, vejo-te por segundos envolta numa e apenas uma toalha e penso em seguir-te ao quarto, secar-te bem esse cabelo...

Sim, o "cabelo"

Primeiro devagar depois intenso, depois do outro lado, depois como te apetecer e o acaso nos levar... por cima, por debaixo...

Secava-te esse cabelo todo...

Oiço o secador estragar-me a fantasia.

Oiço o ar deslocar-se quando finalmente abres a porta e te apresentas ...

oh... mon... dieu!

Vejo-te e converto-me, rendo-me e entrego-me, quero-te e quero-me em ti... quero-te ao meu colo, quero-te nos meus braços, quero-te sobre mim quando nos deitar-mos na rede do alpendre e ficar contigo ali ouvindo-te respirar e a fazeres barulhos cómicos com o estômago.

Nós a rirmos à toa com isso.

E ficarmos ali em silêncio outra vez...

Confesso... confesso que fiquei todo contente quando sorriste perante o jantar que te preparei, por coincidência era apenas e somente o teu prato favorito...

Até te descarocei umas uvas para a tua sobremesa...

E ris-te e fazes-me sorrir, e falas e o teu ombro que tão bem enquadra o teu pescoço - não sei para quê que compras roupa com alças se estão sempre fora da posição - chama por mim, o teu cabelo solto chama por mim, o teu corpo chama por mim, o teu mindinho esticado quando inclinas o copo à estivador numa tasca em xabregas chama por mim...

Esse teu sinal do lado direito do decote chama por mim...

O lado direito do teu decote é um dos dois melhores sítios para morar em Lisboa...

Sendo o outro o obviamente o esquerdo, ambos aconchegantes...
Acolhedores...

e com uma magnifica vista...

E o tempo voa...

E consigo fazer-te rir, explodir numa gargalhada que me sabe a vitória.

E vejo-te corar com uma insinuação mais arriscada sobre a minha língua na tua boca... Mordiscas o lábio em resposta e dizes-me:

- prometes?...


Sirvo-me, e sirvo-te dividindo o teu tinto preferido.

Sento-me ao teu lado no sofá de verga, o entrelaçado geme e tu fitas-me em silêncio suspeito... malicioso olhar que deitas quando levanto o comando da aparelhagem...

O piano entra e procuras reconhecer a música que pus a tocar para ti, tu estranhas... a voz quente entranha e soltas uma palmada da tua mão livre para o meu braço - John Legend!... André... estás a tentar seduzir-me??

Molhas os lábios e aproximas de mim o teu corpo, o perfume.

Sinto o calor de um dia de sol, o fresco de um banho que te limpou a areia mas não o sabor da pele - menos salgado, mas com mais ou menos sal sabes-me sempre a tempero perfeito.

Levo a mão ao teu cabelo desviando-o do teu rosto.

Beijas-me a mão e oiço o vidro do teu copo encontrar suavemente o chão.

Sinto a tua mão arrebatar da minha o meu com ainda muito por beber e vejo-te colocares o copo lado a lado com o teu.

Cantas baixinho entre um sorriso a música que flutua para nos embalar

" we just don't care... we just don't care... we just don't... lets make... love!"

Rodas para mim o tronco, ombro primeiro, rosto depois.

Não queres desculpas nem rodeios, queres-me de mente e corpo e queres agora não depois.
Queres que a camisa se abra depressa, e depressa ela se foi.
Queres que diga o teu nome, que te amo que te vou fazer coisas agora e pensar no assunto depois... depois do sol nascer amanhã para fazermos a dose dois... a dose cinco, seis, a dose já perdi a conta e já é hora de almoço lanchamos sobre o assunto e retomamos o tinto depois de depois de depois de amanhã...






Nota -Imaginar horas a pensar em gelado de chocolate e depois nem teres um supermaxi no frigorífico para aplacar o desejo...

Fica a música e um grande bem haja ao John Legend.

sábado, 15 de maio de 2010

Like a child again

Isto anda a ser reincidente ao ponto de não lhe achar piada nenhuma.

Mais dia menos dia darei por mim a lembrar-me dos olhos azuis pelos quais me enamorei no meu primeiro dia de aulas... na pré primária.

Desta vez é uma música que a puxa para o centro do salão de baile dos meus pensamentos, que a coloca morena e felina.

Lembro-me dos teus olhos ambar fitando-me enquanto te lambuzavas animalescamente ( o que foi brutalmente sexy ) com um supermaxi ali pós lados do vimeiro, tu com o teu bikini chita e eu com o cabelo por molhar- água fria... sou uma menina.

Lembro-me de alargar a gravata, eu fresco e fofo acabado de desembarcar da André's South America Tour 2006 e tu sei lá onde a esticares o cabelo para a tua graduação, nós ali pelo miradouro e depois juntos em terras, países e posições diferentes...

Quando digo posições posso estar a referir-me a Tango... (ou não)

Mas já me mudou a música mulher, agora a meio do texto que te escrevo não em saudade, somente um pouco de melancolia, já a chuva levou de nós a vila ali pós lados de sapadores onde me pediste para contigo morar...

Já por pouco o mar levou a praia, a casa e aquele recanto onde nos enroscávamos dentro do meu carro à noite quando saiamos para um "café"

Mas devia ter tido mais de ti do que me deste, mais do que me lembrar do bambolear do teu rabo ao andar, as covinhas nas costas ou se fazes anos ou não- sinceramente nunca decorei- em agosto.

E sim lembro-me de ti quando vejo o teu insecto.

E lembro-me de ti trimestralmente - talvez esteja a ser generoso

E até te guardo algum afecto, por mim que de ti gostei...

E não há mais a escrever

... talvez um pouco mais para além do que te escrevo agora.

Nota- não sei porquê que escrevi ou pior, tornei público o texto.
Se o comecei num tom nostálgico, terminei-o dias depois num outro... diferente.
Em meu nome e dos milhares de fãs obrigado pela inspiração inesgotável, sempre que uma gaja enlouquece por aqui, há um pouco de ti e...

já não tenho paciência para pensar neste assunto, vou po café beber imperiais e comer caracóis!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Cãimbra... (Shake that body for me... )

Abriu os olhos e espreguiçou-se.

Ficou quieto na cama saboreando o silêncio.
Nem Namorada, nem trabalho ou amigos... acordou por si e a si pertencia naquele momento.

Sem pressas, sem obrigações e compromissos, era livre para fazer o que lhe bem apetecesse até ás 15h... e estas encontravam-se a muitas horas de distância.

Podia voltar a dormir... mas isso seria desperdiçar um momento raro e único de fazer qualquer coisa tranquilamente, e ao seu tempo.

Deslizou para fora dos lençóis e cambaleou entre sapatos, livros e um cavalete até ao armário.

Retirou a primeira camisa pendurada sem se preocupar qual era, quando se atinge um certo patamar de Awesomeness é indiferente a camisa que se veste...

Secou o cabelo com a toalha durante aproximadamente 30 segundos, atou o téni direito primeiro e depois o téni esquerdo, operação ténis atados, chaves na mão, óculos no nariz.

Sentia que se tinha esquecido de qualquer coisa... mas encolheu os ombros indiferente ao assunto, tinha tempo e um plano, nada podia correr mal.


- Mékiééé!!!

Assustou-se, sentiu um aperto no peito e suspirou.
Levantou a vista do bloco onde se concentrara a desenhar desligado do mundo exterior ao som da voz familiar, sorriu e estranhou o coxear.

Apertou-lhe a mão e girou-a.
Deslizou-a pelos dedos e fechou-a para o "fist bump" final, mítico cumprimento que partilhava apenas com o irmão e os mais chegados amigos.

- Foda-se pá, ninguém te encontra, tudo à tua procura e a madame aqui a escrever poesia ou a desenhar o pequeno pónei...

- Bom dia, tão... quê que te aconteceu para tares a andar à pirata? só te falta o papagaio e a pala no olho...

- Só isso? é o máximo que consegues como piada?

- the bells the bells? melhor?

- Corcunda de notre dame... hum... fraquinho...

- aahh porra, és teimosa... chato!

- Gay, tudo à tua procura, não tens o telemóvel contigo?

- Tudo? não não tenho o telemóvel comigo, porquê que falas como se andasse tudo louco à minha procura? e o que te aconteceu à perna afinal?

- E anda! a chata da gaja que namora contigo, e... está relacionado com o coxear.. óbvio.

- ah? como?

- Eu estava-me a masturbar furiosamente...

- Fooooooda-se que nojo! tu acabaste de me apertar a mão!

- Até parece que tu nunca o fizeste... e eu lavei as mãos!

- Mas não te digo que o estive a fazer! e como é que tu fazeres ... isso... está relacionado com a perna e pior... como é que isso está relacionado com a minha... eh pá.. nem quero saber...

- Está porque a culpa foi dela! chata do caralho...

- Dela?

- Eu tava a tocar foo fighter

- ah?

- Long Road to Ruin !! - levantou a mão para um hi5 ao qual não obteve resposta - Meu!... Adiante, eu tava a Castigar o tubarão...

- Castigar o tubarão? é o melhor que consegues?

- Fazes melhor?

- Esfoliar o Ins...

- Hey! eu é que estou a contar o que aconteceu! isto é importante! porra, deixa-me falar! onde é que eu ia?

- Tavas a brincar com o pinipon...

- Por falar nisso, ontem tive uma ideia... tás a ver as luvas de cozinha? as almofadadas para não te queimares quando tiras cenas do forno?

- O quê que isso tem a ver com o que estamos a falar?

- Então, já imaginaste como seria se quando fosses actuar a solo usasses uma luva dessas...

Fez-se silêncio...

- Bem... parece-me uma ideia...

- Tipo, eu sei! é genial! eu devia registar esta ideia... que não podes usar obviamente, não quero que te lembres de mim quando tiveres ca lupa à procura do palhacinho brincalhão dentro das calças, mas deixa-me contar o que aconteceu...

- Eu não quero saber o que aconteceu!

- Eu tava a ... ah, isto começa porque ...

- Foda-se! não quero que me contes!

- Isto começa porque hoje à noite vou sair com a amiga da tua namorada... a marta

- Eh pá não! mas porquê? porquê que vais fazer isso? vai sobrar para mim... eu é que me fodo depois... eu pedi-te para com as amigas dela não...

- E eu não lhe fiz nada! ela é que me convidou, eu não ia dizer que não... mas adiante, como ia sair com ela decidi antecipar-me e descarregar antecipadamente o excesso de pujança e mascu...

- Meu, são 11h... fazias isso logo à noite...

- Tem que ser várias vezes, é que isto comigo é muito intenso... é um excesso que tenho... sabes, é um fardo que carrego, uma maldição... e não posso logo chegar ao pé da miúda com o Ruben Micael por amansar, ainda a assusto...

- Ruben Micael?

- Joga com a camisola 28... 28 cm... hey! não me deixes pendurado com a mão no ar outra vez... meu... até parece que alguma vez te deixei ficar mal... espera... 2008 conta?

- A passagem de ano?

- ah..., sim, a passagem de ano na casa da tua gaja... ok que lhe vomitei um bocado da lasanha no escritório do pai dela, ok que estive a cagar de porta aberta no WC do hall da entrada

- Não te esqueças do gato...

- O quê eu que fiz ao gato?

- Entornaste meia garrafa de Tequila no gato...

- ah ya! isso ...

- E lambeste o gato para não desperdiçar a Tequila...

- A sério?

- Yep, tu tens a foto no teu facebook

- Eu pensei que tava a brincar com o gato na foto...

- Foram os pelos do gato que te engasgaram e te puseram a vomitar a lasanha...

- Eu pensei que tinha sido a Tequila!!ahahaha

- Eh pá...-suspirou e encostou-se na cadeira em desanimo - onde é que queres chegar?

- Pensa comigo, ela é gaja, não a posso assustar, elas são assustadiças tipo Porquinho da India...

- A tua teoria não era - gajas são tipo gato e trata-mo-las como se fossem um cão?

- Tu às vezes ... Elas são tipo gato, tão depressa tão a aninhar-se no colo de um gajo como estão a esgadanhar-te os olhos porque lhes tocaste num sitio sensível à frente dos pais, tratas as gajas como um cão porque elas querem que as leves a passear à rua, brinques com elas, faças companhia, gostam de festas e mimos... tipo igual, são como Porquinhos da India porque ao pé delas quando não te conhecem bem há que ter calma e não fazer movimentos bruscos... mas adiante, eu estava a fazer a minha cena, e toca o telemóvel, óbvio que ignorei, tava concentrado, recebo uma mensagem, ignoro, recebo outra ignoro... volta-me a tocar a merda do telemóvel eu começo a patinar os movimentos todo descoordenado, estico-me para o telemóvel e contraio a perna, dá-me uma cãimbra do caralho, atendo e é a tua namorada toda louca e possuída porque não lhe atendias o telemóvel...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Zing!



" a ironia do destino dá-me vómitos..."


Foi hoje, no mesmo dia em que escrevo por impulso a lamechisse que antecede este texto, ao lembrar-me via música dos The Cure da Vin Diesel das ex...

Da Vin diesel das ex's André?

Sim... da Ex Ex Ex... da Triple Ex!


(hey! eu sei que é seca!!!)

Ao vê-la diante de mim, na mesma rua e passeio, os mesmos cabelos a dar para o loiro - já não deve usar o mesmo champô digo eu - que em tempos me apropriei, puxei e usei... respirei fundo e pensei para mim mesmo nas palavras que um dia li do Mestre Calvin

" a ironia do destino dá-me vómitos..."


E... depois borrifei-me para o assunto e vim para casa comer farturas!!

...Just like heaven...

E em mais de quatro anos, hoje e agora pela primeira vez sou invadido pela memória não do teu rosto...

Mas de ti rodeando-me o pescoço, num gesto tão ternurento que pensei então ser algo meu para sempre...

Eu nas tuas ancas, na tua cintura depois.

Ambos com o outro.

Cúmplices e... todas aquelas coisas que me irritam agora ao lembrar-me de ti.

Engraçado como apenas me ganhas cinco minutos de ternura até recordar-me da tua mão forte no meu rosto, dos teus gestos covardes ou mesmo canalhas ou apenas...

... algo que eu deixei acontecer.

... porque gostava de ti...

e ponho em mim a culpa...

não do que me fizeste, que no fundo deixei (???)

mas de te recordar nostálgico com a porra de uma canção.

sábado, 8 de maio de 2010

Click...





" ...e quando leio o que escreves, tens sempre aquele ponto em que estragas tudo. Estás quente e suave, estás romântico até que pumba... dá-te um click qualquer e javardas a história toda com uma tirada idiota... não resistes."

Pois não, não resisto.

Ao reler os últimos Posts que escrevi por aqui, isto anda muita fofo para o meu gosto, falta-me o "click"

...Que vai ser agora, e começo pela pessoa que citei acima:

Rodei o chapéu, a fedora cinza que nunca usei ( mas que tenho ) entre os dedos, girou e caiu sem perder graça e estilo presa pelos mesmos diante do teu rosto.

Sorris e dizes-me - beeeeem... teimaste que aprendias a fazer o truque... olha... tá a dar Joss Stone! o que achaste do concerto?

- Da Jossy Baby? o concerto foi excelente, mas...

- Mas?

- Mas apetecia-me lamber os poros da pele do sovaco da Joss Stone...

- ah...

- Depilada ou não... é opcional...

- Para a Joana M. -




Puxou-me pela manga

- Dá-me atenção!

- Chata pá!

- Eu não sou chata... fala comigo...

- Mulher, não me obrigues a bater-te em público para te por na linha e mostrar-te o teu lugar!

Levo-lhe a mão ao rosto... suave, delicadamente... fui carinhoso talvez

- Nunca se bate no rosto de uma mulher...

- Não?

- É no rabo...

Obviamente, passei a estar atento...


- Para a Barbara R. -




Regressaram da câmara e algo estava mal com o ficheiro DFW com o projecto.
Luto e desespero, digo nomes feios e inquieto-me na cadeira.
Não consigo encontrar a porra de uma solução para o problema...

Volto a lutar, concentrado, criativo, determinado... e nada.
O mesmo defeito, o mesmo problema, a mesma vontade de agredir... coisas...

Tento novamente, gravo o ficheiro, envio e aguardo uma resposta...

... e o problema mantêm-se.

- Parece que alguém nos passou uma praga ao projecto - diz o meu Pai para a Patrícia sentada diante de mim...

- Podia ser pior! podiam ser chatos como me passou a ex...

- Para Mim... ficava feio dizer que a vanessa me passou chatos... espera... eu acabei de dizer!!! -




Nota importante- nunca apanhei chatos, apanhei dores de cabeça... ya, chatos... never! nunca namorei com uma Vanessa, e o problema com o ficheiro foi obviamente resolvido cinco minutos depois de eu partilhar a genial tirada que leram.


quinta-feira, 6 de maio de 2010

Straight Through my Heart

Enfiou as duas mãos entre o tecido das calças e as cuecas, apertou e puxou-a contra o seu corpo

- aah calma... pára, tira... tas-me a estragar as calças, alargas-me as calças assim...

- então tira-as...

Beijaram-se perdidos entre uma cortina de cabelos (dela) que caiam entre os dois sem que os conseguissem afastar - as mãos encontravam-se demasiado ocupadas.

- vamos para o meu quarto... aqui é perigoso... ainda chega alguém e eu não quero ser apanhada nua a...

Conseguiu abrir-lhe o soutien com a esquerda e deslizar para a recém destapada carne com a outra mão, envolvendo e apertando firme mas suave.

Sentiu-a contrair-se contra si e o respirar ganhar outro peso, o peso de quem gostou...
De quem gostou muito e tem mais qualquer coisa para a lista de prendas pó natal...

Subitamente, ergueu o tronco e abriu os olhos surpresa, tentou soltar-se das mãos que a inspeccionavam entusiasticamente.

- Pera, espera... não pera... tá-me a tocar o telemóvel.. espera...

- caga no telemóvel... anda...

Arrancou-lhe as mãos do corpo que estas tomavam posse com lascivo afecto, saltou do colo e tropeçou enquanto puxava as calças que abertas lhe caiam pelas pernas para o chão.

Viu-a desaparecer pela porta, suspirou, levou as mãos ao rosto e suspirou outra vez mas com força e frustração.

- gajas... não respeitam nada porra...

Tirou as mãos do rosto, olhou para o casaco. Retirou deste o telemóvel que vibrava.
Viu-a entrar na sala, roupa já composta cerca de quinze minutos depois de o ter abandonado despido e desprotegido como uma flor num nenúfar...

...como uma flor num nenúfar...

Levantou-lhe o indicador a pedir-lhe um minuto e num minuto despachou a chamada como um homem- conversa objectiva, clara, directa ao assunto e sem segundas ou terceiras interpretações.

Desligou e guardou o telemóvel e antes que se virasse na direcção do sofá onde ela se sentara ouviu- correu-te bem a chamada?

Virou-se, sentou-se e respondeu- sim... onde íamos? - deslizou as mãos pelas coxas puxando-a até ela o afastar bruscamente

- quem era ao telefone? estavas a falar com quem?

Revirou os olhos e abriu as mãos - ok... eu não te perguntei quem te ligou pois não?

- era a Marta, diz-me com quem estavas ao telefone...

- eu não quero saber se tavas ao telefone com o Bono, o Lisandro ou a Ana malhoa, não é por me dizeres que era a Marta que te vou dizer que...

- era com o anormal do teu amigo não era?

- Oh mon dieu...

- não me vires a cara! era não era?? eu sei que era, não precisas de admitir...

Abanou direita esquerda a cabeça em reprovação, quando uma mulher nos pergunta quem era ao telefone é não responder, quando ofende o melhor amigo firme e seca atiçando uma qualquer reacção...

... é porque já não vai haver sexo.

Sempre que a via repetir a mesma frase, a mesma pergunta naquele tom de voz que somente uma mulher consegue repetir dez vezes com a mesma irritação e intensidade desligava, punha a moeda na jukebox, seleccionava uma qualquer música idiota de refrão fácil e repetitivo que o ajudasse a desligar a mente para um outro qualquer lugar ausente mas feliz, era deixa-la falar...

"straight to my heart... She aimed she shot me... I just can't believe it...ooooohh"

- Não me vais responder? não vais falar comigo? não vais admitir que...

- Que o quê? eu... tu, nós não somos eles, não faz sentido...

- Ela é a minha melhor amiga! e o cabrão do teu amigo...

- Do meu melhor amigo... mas continua... ou melhor, não continuas e ficamos por aqui sobre essa conversa

- Não não ficamos!

- Ficamos, vou aquecer um chá, tu ficas aqui sossegadita , eu respiro fundo, tu fazes o que quer que te apeteça e quando o chá estiver pronto...

- Apetece-me que me respondas!! tu pensas que... No I can't resist and I can't be hit, I just can't escape this love... e depois proteges o gajo com... straight to my heart... nem te dignas a falar... I just can't ignore this feeling ooooh... é que no mínimo, como tua namorada era... straight to my heart... por isso vamos conversar sobre isto quer tu queiras ou não, porque tu és cúmplice e culpado como ele desta situação...

- Eu o quê?

- Tu és responsável

- Eu o quê? queres mesmo ir por ai?

- Quero! quero que me respondas, que te dês ao trabalho de ao menos me pedires desculpa pelo que...

- Pedir desculpa? foda-se...

Agarrou no casaco e direccionou-se para a carteira e as chaves do carro sobre a mesa

- olha isso, foge, vai-te embora... para teres sexo comigo tudo bem, mas para falarmos... nem admites que era ele ao telefone...

- Conversarmos ou tu fazeres queixinhas da tua amiga?

- Queixinhas? depois do ele lhe fez...

- O quê que ele lhe fez agora...

- Como se tu não soubesses...

- Não sei.

- Tás-me a mentir foda-se!

Empurrou-o

- Ele não me disse

- Não se vangloriou que papou a Marta ontem? deves achar que eu acredito....

- Ahahaha a sério? comeu a Marta?

Desviou-se do estalo

- Tás a gozar comigo?

- Eu? eu não estou a gozar com ninguém, mas que ele e a Marta já tinham andado a afalfarem-se um ao outro... isso já toda a gente sabia... porra até parece que não foste tu que os apanhaste no teu carro...

- Tu tás a gozar com a minha cara? eu não estou a falar de curtirem, ontem, casa dela... sexo...

- O quê?? AHAHAHAHAH eu não sabia! lindo! que Deus!, ela não tinha dito que não lhe voltava a falar na semana passada?

- Tu sabes tão bem como eu o que aconteceu ontem...

- Não, não sei.

- Queres que acredite que ele não te contou das mensagens a perguntar se lhe tinha corrido bem a entrevista, da mensagem a dizer que estava a tocar a música ela gosta...

- Não, não sabia, mas parece-me que ele a trabalhou bem...

- Que ontem foi jantar com ela a casa dela...

- Depois a culpa é dele... não, não me contou nada disso

- Que foram para o sofá beber um tinto e...

- E o quê?

- E foi ali, sexo... mas tu... tu estas a rir??? ...

- Não! esta conversa... não me contou nada, nem lhe perguntei

- Não acredito! como és capaz de me mentir assim

Desviou-se de dois estalos

- Eu não te estou a mentir...

- Vocês são gajos! são nojentos, a primeira coisa que te deve ter dito foi que comeu o cu à marta com os detalhes todos... só espero é que ele não tenha filmado ou foto...

- Tens noção que ele me ligou para saber se a minha avó estava melhor e a que horas vamos amanhã para a surfada?

terça-feira, 4 de maio de 2010

Só mais uma vez

Puxas-me pelo pulso num anda cá não me fujas nem me obrigues a correr atrás de ti...
Beijas-me num se me foges... eu apanho-te e ai morres cansado.

Despenteias-me sem o respeito que a qualidade do meu amaciador merece.
Desgrenhas-me e rosnas-me que te puxe para mim.

E ai beijas-me como se me tentasses anestesiar os lábios...
Eu descamiso-te das calças e arrepanho-te o cu como se o fizesse refém

E lambo-te o pescoço
E tu inclinas o cabelo para trás para ter espaço para te morder
A tua jugular assim tão exposta... como se me estivesse a chamar- anda cá garotão

E eu vou

E eu mordo, babo-te e toco-te suave com os lábios.

Tu devolves-me a tua pele de galinha arrepiada

E eu pergunto-te com o nariz o que me queres a seguir...

Tu trincas-me o ouvido, cravaste nas minhas costas que se arqueiam,
O teu corpo que se contrai

As minhas mãos que pelo teu peito vagueiam... se encontram quando te vejo sorrir

Tu que te entregas e me recebes, e eu que me sinto a prestes a me render...

Quando te viro e te saboreio o gosto entre as omoplatas.
Quando te cravas novamente agora nas minhas pernas que te encaixam...

E tu chamas-me pelo nome...
E eu apresso-me.
E tu gritas o meu nome...
E pedes-me para dizer o teu.

E dás-me a mão,
Eu entrelaço os teus dedos com os meus.

Encostas-te de cabeça no meu ombro
Eu beijo-te o cabelo e snifo-te o cheiro.

Ambos ali cansados,
Ambos repousados, mas não foi desta que me saciei.

E eu quero-te outra vez.
E tu queres-me desfazer com as coxas, com as unhas dentes e pulmão...

Lanço-te o desafio:

- Queres? só mais uma vez?

- Não! só uma? o meu número favorito é o 41...

sábado, 1 de maio de 2010

She Bangs! She Bangs!

- Baseado em factos Reais -

Estava Saturado, a dar para o irritado.
Estava bem sentado entre um vento fresco e um não demasiado forte sol.

Estava farto de silêncios simbólicos, carregados de texto e mensagens que lhe competiam perceber.

Mas se não me gramas, se não me queres aturar, sentares-te ao meu colo e dizeres-me o que queres para o natal...
Ou então se me queres em galanteios, tu fazeres de Azteca e eu de conquistador espanhol... Se me queres em surpresas, gestos espaçados do meu interesse...

Romântico...

...

(carnal...)

Sobre os teus Glúte... sobre os teus afectos...

Dizias.

Sabia-lhe bem a vista...
Lisboa...
Disperso ignorava a franja acompanhada de um subtil mas presente decote -nada de exageros, ela não era uma rameira - que o fitava detrás de um par de óculos mosca - estilo italiano, duas mesas à sua direita, mantendo nele a atenção até talvez conseguir uma reacção, contacto...
interacção...

Convívio...

(Funkytime!)

Ou então era apenas um sorriso.

Um sorriso que sem querer ignorava, não tinha paciência, fora demais.
Tanto... fogo de vista, palavras cheias de palha que ele jumento deglutinou voraz...

Tentou voltar ao texto, concentrar-se ignorando que ela, a da franja (duas mesas à direita... atenção ao ler o texto pá!) mordia leve mas lasciva o lábio inferior, deliciando-se no pensamento:

Língua+Haagen Dazs de Chocolate belga+barba por fazer duas mesas à sua esquerda...

Era escusado teimar, teimar em perceber gajas a sul do Tejo e a norte de Torres Vedras ou continuar a ler um livro em que recomeçava o mesmo capitulo pela terceira vez tal a ausência de magnetismo literário.

Fechou o livro, retirou os Aviator (armação preta, graduados) , esfregou os olhos e varreu o olhar à sua volta reencontrando-se com o espaço que o rodeava, as duas alemãs inclinadas no parapeito do miradouro, o casal de namorados a afalfarem-se furiosamente num dos bancos de madeira, os três pombos a curtirem Prodigy (ou Norah Jones...) numa mini rave de ratos com asas...

(pombos a curtirem Norah Jones...)

deslizou os dedos pelo cabelo com a esquerda, arrebanhou os poucos objectos que tinha dispostos na mesa, susteve o gesto ao ser invadido pela suave fragrância de um perfume perfeito.

Primeiro um travo fresco... para cativar, despertar a atenção.
Depois ao saborear e deixar desenvolver o cheiro, um tom quente e sensual - quase orgásmicamente pornográfico- da mistura com a pele elevando a presença dela ao passar por si a meio metro de distância a vários patamares de divino.

(O facto de o rabo dela se encontrar à altura dos seus olhos quando se virou para descobrir como era possível tal perfume, tal impacto olfactivo sobre si não está relacionado com a observação anterior)

Levantou-se para pagar, colocou os óculos escuros novamente apressado e por necessidade, não... não se encontrava encadeado- o sol põe-se do outro lado porra!.

Tinha que olhar

Ca granda par de de calças!! foooood....

Fitou-a de pé, de costas para si diante do balcão enquanto ela pagava, felizmente o negro das lentes permitiam olhar sem ser visto para onde o fazia, era provavelmente o melhor corte de calças - e o tecido parecia ser agradável ao toque - que via em...

eh pa, estava tão feliz que lhe apetecia chorar...

Ligar à mãe e dizer que tinha saudades dela, aos amigos, partilhar a alegria do momento...

Ocorreu-lhe a ideia de esfregar as mãos para as aquecer- porque era um gajo atencioso - abrir as mesmas e colocar uma de palma virada para cima em cada lado da traseira das calças, ficar assim por lá uns longos minutos, sem apertar, sem pressionar, apenas consciencializando-se da forma, densidade, presença, energia e desenho estético do ...

Ela já se tinha embora.

Pagou, recolheu e guardou o troco.

Carteira no bolso esquerdo do blusão, telemóvel no direito.

Ajeitou-se e partiu.

Contornou a fonte, atravessou na direcção oposta à da igreja.

Viu-a entre os carros e a Villa Sousa.

Viu-a patinar primeiro, deslizar depois e por fim entalar o salto entre a pedras da calçada.

Ouviu-a gritar e encolher-se para o pé.

Correu, ajoelhou-se e perguntou

- hey, estás bem? aleijaste-te?

- parti a merda da bota... foda-se...

- e o teu pé?

- o quê que isso - tentou levantar-se - aaaaii

deixou-se cair novamente, desta vez susteve-a com os braços

- espera, senta-te aqui - puxou-a para o que era demasiado alto para ser a soleira de uma porta e demasiado baixo para ser um degrau

- mas sujo as calças todas...

- eh pá, a bota, as calças, não sei se reparaste mas acabaste de torcer o pé!!

Fitou-o ignorando a dor por instantes - tu tens noção da marca e preço destas botas??? TENS?

- Nope... ah... Sapatarias Teresinha?

Suspirou um - homens...

-olha, para mim é importante ok? aau... as botas eram novas... isto doi... merda...

- deixa-me tirar-te a bota e..

- NÃO! - empurrou-lhe os braços - nem te atrevas... não podes, isso não...

- mas ... está a aleijar-te o pé... deixa-me tirar-te a bota para te aliviar e...

- não! nunca! eu tenho vergonha...

- não cortaste as unhas? tens as meias rotas? - desviou-lhe do rosto o cabelo prendendo-o atrás da orelha dela.

- não... oh pá... tu vais gozar comigo...

- gozar? por teres-te aleijado no pé? eu não...

- as meias! vais gozar com as meias...

Colocou a mão debaixo da bota devagar, ergeu-a suavemente e pressionou devagar, com cuidado.
Sentiu a mão dela apertar-lhe o braço, sentiu a testa e a franja por arrasto encostarem-se ao seu ombro.

- Se te estiver a magoar... diz-me...

- eu quero é que a dor se foda! que vergonha!

- eu disse que não... AHHAHAHAHAHAHAHA Pikachu!!!!

- foda-se...

- desculpa, não estava à espera... ahah meias do Pikachu... hey! desculpa, a sério... nem tinha reparado se não tivesses feito um drama sobre o assunto... são super fofas as meias... a sério...

- eu... estou magoada, cheia de dores, parti o salto das minhas botas favoritas, tenho as calças cheias de pó de estar aqui sentada, estou em público com as meias à mostra...
e tu tens o descaramento de me estares a mentir?

- não estou... acho fofo, se te faz sentir melhor... boxers dos tranformers...

- tens umas boxers dos transformers? - levantou o rosto que mergulhara nas mãos em vergonha

-tinha... quando tinha 10 anos...

Desviou-se do estalo, ela segurou-o pela camisa- ajuda-me a levantar...

- Não, não podes, isso tá terrivelmente inchado.

- Mas eu tenho que ir para casa! e daqui ao metro...

-Daqui até onde??? metro? tu não vais descer isto tudo a pé, não vais mesmo com o pé nesse estado

- E qual é o teu plano? diz-me como é que vou para casa?

- Bem... Ou ligas a alguém para te vir aqui apanhar ou deixas que eu te dê boleia...

levantou o tronco, espetando sem perceber o peito na direcção dele, ajoelhado à sua frente. (foi tipo... awesome!)

- Não sei... os meus pais não podem agora... que merda... tá-me a dar uma raiva...

- Hey... não chores...

Calou-se quando ela o rodeou com os braços, abraçando-o, esmagando-o com aquele perfume ninja que o tinha atropelado uns minutos atrás.
O corpo dela encostado ao seu assim sem aviso, sem anestesia ou tempo para respirar fundo, sem tempo para compor o cabelo, ajeitar a camisa, para organizar onde lhe punha as mãos- apesar de já ter pensado no assunto uns minutos antes.

Ficou-se por lhe retribuir o abraço.

- A sério, não queres ligar a alguém? eu percebo que não te sintas à vontade para vires comigo...

Afastou-se e limpou-lhe o rosto molhado com o dedo.

- Não é isso... é que tu deves ter coisas para fazer e eu... e...

- Não tenho pressa... eu levo-te a casa se quiseres.

- E como sei que posso confiar em ti? tu disseste que não te rias das meias... e riste-te.

- Era impossível não me rir!

- Dá-me a tua carteira

- O quê?

- Quero ver o teu B.I., quero ver os teus cartões, vou mandar uma mensagem com os teus dados a uma amiga, se me fizeres alguma coisa já sabem como te encontrar...

Abriu o blusão, retirou a carteira e depositou-a nas mãos dela.
Mexeu e remexeu, tirou cartões, talões e desorganizou a arrumação dos mesmos ao coloca-los novamente dentro da carteira

- Hey tive uma ideia - levantou-lhe o rosto com o indicador no queixo, segurou-lhe os óculos pela haste e puxou-os para fora do rosto dele, tirou o telemóvel da mala - sorri!

- Mas... tu não me tiraste uma foto?!?!?

- Tirei, vai com os teus dados para a minha melhor amiga... ficaste de olhos fechados!! deixa tirar outra...

- Não tiras nada outra tás-te a...

...

... ficou boa esta ao menos?

- Ficou, ficaste bem, agora tira uma comigo, anda cá...

Abraçou-o e levantou o telemóvel, ela ficou a sorrir ele com cara de quem não está a perceber bem o que está a acontecer.

- Mas tu não és capaz de me fazer um sorriso para a fotografia??

- Mas porquê que tu queres uma foto comigo agora?

- Para mostrar, senão não acreditam...

- Não te chega o tornozelo inchado como prova?

- Na na na NÂO! e verem-me as meias tás parvo? vamos embora? ajuda-me a levantar... com cuidado! e apanha-me o salto primeiro... não... AI AI não consigo assim, doí...

- Queres que te leve ao colo? - perguntou primeiro e pensou depois, esqueceu-se acima de tudo de colocar o tom sarcástico na pergunta para esta soar como uma ironia e não como uma proposta a ...

- Quero... mas levas-me com cuidado... e onde é que tens o carro?

- Ao pé da infantil, na rua das carrinhas... ah... 80 metros se tanto...

- Onde?

- Aqui ao pé, na rua das carrinhas da Voz - gesticulou para a direita de onde estavam. Deslizou a mão esquerda para as pernas, o braço direito rodeou-lhe as costas, sorriu - vamos?

- Sim... se tiveres cuidado... e nem te atrevas a insinuar que não podes comigo... se tu me chamas... aaau... meu pé...

Levantou-a sem a deixar terminar a frase, deixou assentar os peso dela nos braços, deixou-a encaixar o corpo e aninhar-se dentro do possível e foi rapidamente invadido pelo pensamento - merda! merda! merda! merda! merda! merda! - mas nada disse, limitou-se a sorrir.

- Isto é giro! és confortável, bora, anda vamos... leva-me.

Apeteceu-lhe atira-la à fonte, ou então aproveitar o miradouro e largar-la sobre o caracol da graça - e vê-la saltitar de cabeça todos os degraus até lá abaixo...

- wweeeeee!, divertido!... olha, espera a minha amiga tá-me a responder

- espero? não posso ir andando? tenho que ficar parado à espera enquanto falas a carregar contigo ao colo...

- Veja lá! estás muito sensível, até parece que sou ... TU NEM TE ATREVAS A DIZER QUE ESTOU PESADA! - e é uma mensagem... não te enerves... e cuidado não me abanes que me doí o pé!

- Não não... nunca... nunca me passou tal coisa pela cabeça...

- Não sejas cínico comigo... e ela diz que és bueda giro, que se eu não ficar contigo ela fica...
... e que quer ser tua amiga no facebook...
... para lhe fertilizares a quinta...

Parou, fitou-a lá bem nos olhos meio em choque meio em desapontamento, apeteceu-lhe larga-la no chão e seguir o seu rumo, meter-se no carro e esquecer toda a situação, o que lhe daria acima de tudo um desejado alivio nos braços...

... mas encontrava-se preso ao seu cavalheirismo e ao poder sedutor do decot... do perfume.
Avançou um passo e parou novamente - agora está a tocar o meu telemóvel...

- Eu atendo! - enfiou a mão no blusão sem o deixar responder se tinha para tal autorização- não me abanes! tem cuidado pá!, é uma gaja... uh... é a namorada?

- é a minha irmã ...

- ah óptim... ok, pronto, irmã e tal... Estou? olá! olha, o teu irmão não pode atender agora... sou uma... amiga digamos, acho que sim, conhecemos-nos há pouco tempo... mas digo-te uma coisa o teu irmão às vezes é complicado... bolas... se vai jantar ? não... não vai, mas ele daqui a pouco pode-te ligar, agora não dá que... NÃO ME ABANES E TEM CUIDADO com o meu pé!! não vês o carro?... insensível... a sério, como é que tu o aturas, ele... ahaha a sério? ahahaha devias ver a cara dele agora! é melhor desligarmos antes que ele me atire para o chão... ah, é que torci o pé... tá a disfarçar o mau feitio com... olha espera um minuto... o que foi agora?

- tu tás a abanar o pé? estás a baloiçar o pé como se eu fosse um baloiço de alpendre??? como se tivesses a palrar ca 'miga ... e tens a ...

- Olha, desculpa, isto tá complicado para falar, tu sabes como é... vives com ele, gostei de falar contigo... pois... eu ponho-o na linha não te preocupes... vá... beijos.

Desligou, abriu o blusão e guardou o telemóvel.

- Adoro a tua irmã... foooda-se medo, isto é super inclinado!!! tu vais-me deixar cair! vamos escorregar e cair e eu vou-me sujar toda!! já não basta as calças que me fizeste sujar... qual é o teu carro? está muito longe?

- O cinza.

- O que foi? estás chateado?

- Eu?

- Não.. o... pera... deixa ver o que estavas a ler - levantou o livro que carregava sobre o estômago conjuntamente com a bota e o salto da mesma e uma mala estupidamente grande - Daniel Mason... - apertou o abraço em redor do pescoço puxando-se para a frente do rosto dele, invadindo-lhe violentamente o espaço privado na curta distancia que deixou da sua boca à dele- olha, eu sinto que é como nos conhecêssemos há anos sabes? como falamos, como me sinto à vontade contigo... não fiques chatea...

- Eu não estou chateado por coisa nenhuma, é difícil concentrar-me em não cair, não escorregar, aguentar o teu peso sem patinar por aqui abaixo...

Sentiu-se a ficar com taquicardia, o cabelo negro solto a encaixar-se e compor-se em redor do rosto dela ali tão perto, aquele perfume filha da puta que o mantinha embeiçado dificultando-lhe o raciocínio e capacidade de memória ao ponto de lhe criar a convicção que o seu primeiro nome em vez de Rui era Vanessa...

Apetecia-lhe enfiar-se língua adentro na boca dela até ela lhe implorar perdão pelos seus pecados, cravar as mãos entre os jeans e carne - não precisando de as aquecer, tinha o sangue a circular a bom ritmo pelo corpo, estava mais do que quente, snifar-lhe todos os poros no intervalo dos decotados seios ao intervalo dos dedos dos pés...

era isso e atira-la rua abaixo a rebolar tentando acertar em ricochete entre a parede e o muro da escola.

Era uma ideia...

- O quê que queres dizer com "aguentar o teu peso?", estás a dizer que estou gorda? que sou pesada?

- Quero dizer que fui ao ginásio de manhã e estou com os braços cansados, quero dizer que é uma posição que não estou habituado a fazer em esforço e... que vais ter que ir po chão agora apoiar-te na outra perna enquanto eu abro a porta do carro...

Fitou-o pouco convencida da resposta, deslizou a perna devagar e lamentou-se uma duas vezes , três antes de por o pé que estava bom no chão.

- Dava jeito largares-me o pescoço para abrir...

- NÂO! eu caio... eu... - encostou-a ao carro e abriu a porta - ah ok... não faças essa cara como se eu estivesse a complicar as coisas... doi-me o pé... tu não tens noção de quanto me doi o pé! Se fosses tu...

Pensou em responder-lhe que tinha feito uma torção parcial dos ligamentos durante um jogo na primeira parte do mesmo... e que acabou o jogo e no dia a seguir estava batido no treino como se nada fosse, limitou-se - se fosse ao contrário bem... não te estou a ver andares comigo ao colo.

- Provavelmente não... eu não costumo ser simpática, tu com o teu ar antipático na esplanada, a leres com os teus aviator armado em mauzão, achei-te super convencido e antipático... se te visse passava por ti e não ligava nenhuma.

- Os oculos são graduados... sol... ler... e explica-me lá o convencido e antipático??

- Não sejas sensível.. caramba... digo-te que olhei para ti e cheguei-te a sorrir, apenas porque.. enfim.. calhou e tu ...nada, nem te dignaste a olhar para... olha, ajuda-me a entrar mazé que estou a ficar com uma quebra de tensão de estar assim de pé

Rodeou-lhe o pescoço com os braços e deslizou o corpo para o banco, primeiro a perna esquerda e depois a direita que lhe doía, ele agachou-se e subiu-lhe perna segurando-a suave e com delicadeza do chão ao tapete do carro, sentiu-lhe a mão sobre o ombro, sentiu-se perto demais, como se acordasse e se encontrasse desconfortável, demasiado próximo de alguém que lhe era estranho, estranho como o desejo de subir pela perna para as coxas e fazer-lhe...

coisas...

Afastou-se e fechou a porta devagar, contornou o carro e viu-a para sua surpresa a sorrir, a sorrir para si, como se aguarda-se a sua presença ao seu lado e isso fosse o importante...

Em vez de se por a compor o penteado e a controlar o saldo e mensagens no telefone.

Entrou, sentou-se e girou a chave.

- Está tudo bem? podemos ir? não preferes que te leve ao hospital??

- Está tudo bem? qual foi a parte do doer-me o pé que não percebeste? e hospital? tás parvo? óbvio que não, preciso de mimos e descanso, não de ir apanhar doenças pas urgências, e... não gosto de médicos...

- Ok...

- O meu ex tava a tirar medicina...

- Ok...

- E agora anda enrolado com uma puta de uma colega que se fazia a ele quando namorávamos... mas eram "só" amigos...

- Ok...

- Olha não me faças essas perguntas agora, que não quero falar disso, leva-me a casa depressa e... melhor ligar o rádio e ouvirmos música...

Ligou o rádio

"...SHE BANGS!! SHE BANGS!!"

- AHAHAHAHAHAHAHA

- Isso é rádio! eu não estava a ouvir isso...

- AHAHAHAHAHAHA

- Se mudares o posto...

- AHAHAHA SHE BANGS!!!

Suspirou, deixou-a cantar, acompanhar a música vocal e fisicamente esbracejando, apontando-lhe à vez com os indicadores em riste na sua direcção.

Venceu a distancia até à morada que ela lhe dera, estacionou.

Contornou o carro e encontrou-a já à sua espera de braços no ar abrindo e fechando as mãos a pedir colinho
Elevou-a nos braços e sentiu-se diferente, sentiu que se reencontrava com ela, como se ambos chegassem a um espaço só deles, ela nos seus braços, e tudo estava bem.

Era-lhe confortável e saboroso, a presença e sensação do corpo
tão perto...
tão real...
tão dolorosamente à rasca dos braços, é bom ao toque e à vista mas tudo tem o seu peso...

Conseguiram gerir a inclinação do corpo com as dores no pé ao abrir a porta do prédio, encostou o corpo na mesma e balançou-se para a empurrar

- espera... é que...

- O que foi? aleijei-te?

- Não... é que tu... trazeres-me a casa, carregares comigo e...

Deu-lhe um beijo no rosto - não agradeças, a sério... - entrou no hall

- olha lá... moras em que andar?

- No quinto, olha eu tenho que te dizer é que...

é que...

... é que o prédio não tem elevador...



Nota - as meias não eram do Pikachu, o andar não era o quinto, e tinha a sua "graça" se dissesse que foi ela que andou comigo ao colo...

... mas é a mim que doem os braços.